Da minha amiga Juju Maria que sabe exactamente o que vai na alma. A ti, amiga, o meu obrigada!
Não te dá pena pensar que um dia estiveste a meu lado?
E hoje passes adiante de rosto cabisbaixo?
Hoje que nos cruzamos, pareces tão só, tão triste?
A vida é como o mundo, dá voltas e voltas, indiferente às avessas, às peripécias que se arranjam por despeito, sem jeito.
Por isso baixas o rosto.
Nem o gelo acumulado na estrada é tão frio como eu.
Nem o vento dos trópicos é tão quente como esse olhar que escondes.
Enquanto eu caminho e me afasto de ti, nem me lembro do que vi em ti.
Enquanto os meus passos e os teus se distanciam e se a partir de hoje eu não te vir mais, não te desejo mal.
Desejo que sejas o que esperas.
Que consigas ter acções mais sinceras.
Desejo que sejas feliz.
Eu não consigo ser assim como tu.
Por isso fazes o que não suportas e ligas-me para não me perderes o rumo e tentas adivinhar-me na voz o que não podes com o olhar.
Olhar-me nos olhos, livremente.
Cumprimentar-me fazendo esquecer o passado e valer o presente, sem aquele abraço longo e sentido de quem nunca esqueceu nem esquecerá a única mulher que amou e ama.
Mas eu estou bem assim.
Estou calma e segura, porquê, sabes?
Dói!
Mas já esqueci.
Não te dá pena que ao passares aí encolhido, te condenes um pouco ao mais amargo da vida?